quinta-feira, 6 de maio de 2010

Artigos Especializado

Matéria Exclusiva para profissionais de Segurança Publica e Privada

A imprensa no local do crime
A presença dos profissionais de imprensa nos locais de crime trazem alguns problemas mas também determinados benefícios do ponto de vista da investigação pericial.
Os problemas que ocorrem tem - em regra - as mesmas razões já discutidas quanto ao desconhecimento da importância da preservação do local de crime. Se a maioria dos policiais desconhecem as corretas técnicas de isolamento e preservação, é compreensível que jornalistas também a desconheçam.
Isso pode até ser verificado quando ocorre um problema dessa natureza e os peritos, ao chamarem a atenção para tal fato, aproveitarem para esclarecer ao jornalista sobre as técnicas de isolamento e preservação e sua conseqüente importância no contexto da investigação pericial, receberão – de pronto – a compreensão e a colaboração desses profissionais, claro que com algumas exceções.
É compreensível que a imprensa tenha o direito de informar e que o seu trabalho é quase sempre executado numa corrida contra o tempo. Este último fator é que nos leva a entender o por quê do jornalista ter toda a pressa em registrar os fatos no local.
Nessa pressa ele acaba prejudicando o trabalho da perícia em alguns casos, quando adentra no local do crime antes do exame pericial. Na grande maioria das vezes não há necessidade do jornalista agir dessa forma, pois em se tratando de fotografia ou imagens de vídeo é possível operar de uma certa distância sem ter contato com os vestígios.
Como não há uma preocupação sistemática dos policiais e da própria perícia, no sentido de esclarecer aos jornalistas sobre tais limitações, fica a cargo do bom senso e da experiência de cada um desses profissionais em não prejudicar o trabalho da perícia ao alterarem ou destruírem vestígios na cena do crime, em conseqüência de deslocamentos inadequados naquela área.
A presença da imprensa no local de crime não é só problema, existem algumas situações em que esses profissionais colaboram em muito com a perícia e com a polícia.
Em todos os nossos contatos com jornalistas em local de crime, onde foi necessário esclarecer tais fatos, fomos prontamente compreendidos e, de nossa parte também entendemos a urgência de realização de seu trabalho, tendo sido possível, com a nossa orientação, a equipe de reportagem se deslocar na cena do crime sem prejudicar o trabalho da perícia.
Também nesse trabalho de parceria com a imprensa e considerando muitas situações de precariedade das condições de trabalho da perícia, são inúmeros os exemplos em que profissionais da imprensa colaboram com os peritos na iluminação de locais durante a noite, operam fotografias ou emprestam filmes, fornecem cópia de imagens filmadas, etc.
Um outro aspecto que conflita algumas relações com a imprensa é o fato do perito ser cauteloso nas informações e entrevistas que venha a fornecer.
O perito, pela natureza técnica do seu trabalho, onde o exame do local é apenas uma parte do conjunto de dados a serem analisados, não pode adiantar conclusões precipitadas sob risco de desacreditar o resultado do seu laudo posteriormente, em razão de poder chegar a outras conclusões quando da análise geral de todos os dados do evento.
A imprensa por desconhecer tais razões técnicas, fica sem entender essa relutância (às
vezes entendido até como má vontade em colaborar com a imprensa) do perito dar entrevistas no local do crime. Outra razão dos peritos evitarem as entrevistas é porque a investigação pericial é parte de um todo, cujos procedimentos são – em princípio – sigilosos, a fim de garantir o sucesso no resultado.
A solução para mudarmos esse quadro é simples também. Basta que o perito esclareça o jornalista dessa sua limitação técnica no local. Para tanto, qualquer informação que passar, deve ressaltar que não se trata de qualquer conclusão.
No entanto, o melhor procedimento é combinar com a autoridade policial que estiver presente, para que ela ao final dos exames periciais, após ouvir algumas considerações dos peritos, converse com os jornalistas. Para tanto, deve também ter o cuidado de não adiantar informações das quais não tenham absoluta certeza do resultado, tanto das investigações periciais, quanto às demais que estão a seu cargo diretamente. Ao delegado de polícia fica fácil falar sobre informações periciais, desde que não queira adiantar conclusões, limitando-se a informar que as informações da perícia só poderão ser adiantadas com a divulgação do laudo pericial correspondente.
Finalmente, porém não menos importante, é preciso que peritos, delegados de polícia, demais policiais e promotores de justiça quando no local do crime, aproveitem essas oportunidades de contato com os órgãos de imprensa – tanto no local do crime, como em outras situações – para esclarecerem a eles o quanto é necessário a correta preservação de um local de crime, solicitando-lhes que divulguem em seus veículos de comunicação, para que a população em geral passe a também respeitar e preservar esses locais.
Agradecimento

ALBERI ESPINDULA
Ex-Presidente da ABC

Postado Por:
Kennia Maraiza
Acessoria de Imprensa
do
GRUPO CSSIA BRASIL

Nenhum comentário: